Reduzir o plástico: uma questão de saúde e ambiental

O termo desregulador ou disrruptor endócrino surgiu em 1991 e pode ser definido como um agente químico (natural ou sintético) capaz de alterar funções do sistema endócrino (interferindo na síntese, secreção, transporte, metabolismo ou eliminação de hormonas) e causar efeitos adversos na saúde.

O bisfenol A (BPA) e os ftalatos são dois compostos presentes no plástico e identificados como desreguladores endócrinos, uma vez que são responsáveis por várias patologias, nomeadamente síndrome do ovário poliquístico, cancro da mama, hipotiroidismo, obesidade e síndrome metabólica, infertilidade masculina, hiperplasia/cancro da próstata.

De facto sabe-se que o plástico contém substâncias que, em determinadas condições, podem migrar para os alimentos, como quando existe exposição ao calor. Apesar da quantidade de moléculas que podem passar para os alimentos ser, à partida, pequena, essa exposição diária poderá ser acompanhada de uma acumulação no nosso organismo com efeitos a longo prazo, resultando no surgimento de doenças como as mencionadas anteriormente.

Paralelamente a esta questão de saúde, o plástico tem um enorme impacto a nível ambiental. Uma vez que é constituído por cadeias moleculares fortes e duráveis, produzidas a partir de combustíveis fósseis como o petróleo, a sua biodegradação é lenta, estimando-se que são necessários pelo menos 450 anos para que o plástico à superfície da terra se degrade, podendo até, em alguns casos, não vir a degradar-se. De acordo com dados recentes, estima-se que os europeus geram 25 milhões de toneladas de resíduos de plástico, sendo que menos de 30% são recolhidos para reciclagem. Adicionalmente, o plástico representa 85% do lixo encontrado nas praias e acredita-se que até 2050 haverá mais plástico no mar do que peixes.

É urgente tomar uma atitude face a esta situação.

Confira 8 medidas simples que pode começar a fazer já hoje para reduzir o consumo de plástico:

– Comprar a granel;

– Evitar comprar fruta e hortícolas embalados;

– Usar sacos de pano;

– Usar garrafas de aço inoxidável, bambu ou vidro;

– Recusar palhinhas em cafés/restaurantes (caso queira usar em casa, optar por palhinhas de aço inoxidável, bambu ou vidro);

– Recusar talheres/copos de plástico (se faz refeições fora com frequência, e é comum oferecerem talhares/copos de plástico, opte por levar de casa);

– Comprar tupperwares de vidro (e utilizá-los especialmente para transportar as refeições e/ou quando precisar de aquecer no micro-ondas);

– Evitar beber café ou outras bebidas quentes em copos de plástico.

Comece por implementar, pelo menos, uma mudança. Mesmo que lhe pareça impossível à primeira, continue a tentar, até se tornar um hábito. A sua saúde e o planeta vão certamente agradecer.

Vamos, juntos, reduzir o plástico?

Referências bibliográficas:

Castro-Correia C, Fontura M. A influência da exposição ambiental a disruptores endócrinos no crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes. Revista Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. 2015;10(2): 186-192. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1646343914000674 [Acesso a 25 de fevereiro de 2019]

Graça P. O plástico na nossa alimentação. Visão. 2018. Disponível em: http://visao.sapo.pt/opiniao/bolsa-de-especialistas/2018-06-15-O-plastico-na-nossa-alimentacao [Acesso a 25 de fevereiro de 2019]

Marreiros A. A estratégia europeia de combate ao plástico explicada ao cidadão. Público. 2018. Disponível em: https://www.publico.pt/2018/01/17/p3/cronica/a-estrategia-europeia-de-combate-ao-plastico-explicada-ao-cidadao-1831462#gs.5gy9swCx [Acesso a 25 de fevereiro de 2019]

Este artigo faz parte da (E)Revista de março de 2019, que conta, também, com artigos na área da psicologia. Pode descarregar, gratuitamente, aqui.

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