Precisamos de deixar de comer carne?

Há cada vez mais evidência de que precisamos de reduzir o consumo de produtos de origem animal, por questões de saúde e ambientais. De acordo com o relatório “Food in the Anthropocene: the EAT-Lancet Comission on healthy diets from sustainable food systems”, lançado em janeiro deste ano, uma dieta saudável padrão consiste numa diversidade de alimentos de origem vegetal, quantidades pequenas de alimentos de origem animal, gorduras insaturadas em alternativa às saturadas e uma baixa quantidade de grãos refinados, alimentos excessivamente processados e açúcar.

Para que este padrão alimentar esteja disponível para as 10 mil milhões de pessoas que se estima existir em 2050, será necessário reduzir em mais de 50% o consumo de carne vermelha e açúcar. Paralelamente será necessário aumentar em mais de 100% o consumo de frutos gordos, fruta, hortícolas e leguminosas.

Devemos então deixar de comer carne já hoje? A ingestão de carne vermelha (vaca, vitela, porco, leitão, carneiro, cavalo, cabrito, borrego e cabra) não só não é essencial como está associada ao risco de várias doenças, nomeadamente cancro coloretal. O mesmo acontece com as carnes processadas, que resultam da adição de sal, cura, fermentação, fumagem e outros processos com o objetivo de melhorar o sabor e aumentar a durabilidade. Neste grupo encontram-se os enchidos, carne de fumeiro, salsichas, fiambre e carne enlatada.

De acordo com o mesmo relatório, a ingestão máxima ideal de carne vermelha é 28g/dia (14g/dia em média), o que é muito inferior face ao que é habitualmente consumido (um bife tem cerca de 100g). Relativamente às carnes de aves, por estarem associadas a melhores resultados na saúde em comparação com as carnes vermelhas, o consumo máximo ideal é de 58g/dia (29g/dia em média).

Em resumo o relatório conclui que, no que respeita às carnes de aves, a sua ingestão deve ser moderada e é opcional. Quanto às carnes vermelhas recomenda-se uma baixa ingestão ou mesmo nenhuma, especialmente carnes processadas.

Dicas para reduzir o consumo de carne e os potenciais riscos associados:

– Se gosta de carne e quiser manter a ingestão, prefira as carnes brancas;

– Lembre-se que existem carnes brancas processadas (fiambre de peru, salsichas de aves) que são igualmente prejudiciais à saúde e, portanto, devem ser evitadas;

– Guie-se pela palma da sua mão: a ingestão de carne não deve ultrapassar essa quantidade. Compare com a quantidade que ingere atualmente e, caso seja superior, comece a reduzir;

– Quando servir o prato, comece por colocar os legumes, para que ocupem metade do mesmo. Assim será mais fácil colocar menos carne;

– Se for a um restaurante e verificar que a quantidade de carne servida é excessiva, peça para guardar e leve para casa;

– Rejeite carnes carbonizadas na grelha, chapa ou churrasco;

– Substitua algumas refeições da semana com produtos de origem vegetal fornecedores de proteína: tofu, soja, quinoa, leguminosas. Hoje em dia há muitas receitas disponíveis;

– Consuma diariamente fruta e legumes (alimentos associados à prevenção do cancro): 400g por dia, o que corresponde a duas sopas de legumes e 3 peças de fruta diariamente, para além do consumo de cereais integrais.

Está disponível para melhorar a sua saúde e a das gerações futuras?

Este artigo faz parte da (E)Revista de maio de 2019, que conta, também, com artigos na área da psicologia. Pode descarregar, gratuitamente, aqui.

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