Reduzir o desperdício alimentar na sua cozinha

De acordo com o relatório “The State of Food Security and Nutrition in the World” (FAO, 2019), mais de 820 milhões de pessoas sofre de fome em todo o mundo (o que corresponde a uma em cada nove pessoas). Este aumento deu-se pelo terceiro ano consecutivo, sendo a situação mais alarmante em África. Na sua origem estão, principalmente, os conflitos, as alterações climáticas e a crise económica.

Sabe-se também que cerca de 1/3 dos alimentos produzidos não é consumido, o que corresponde a 1,3 biliões de toneladas por ano. As perdas alimentares e o desperdício alimentar são responsáveis pela emissão de 8% dos gases de efeito de estufa.

Para muitos de nós os alimentos são dados como garantidos mas a comida é muito mais do que o que temos no prato, pelo que devemos respeitar o seu valor. Todas as pessoas têm um papel fundamental no combate ao desperdício e é urgente que o façamos.

Confira 10 dicas simples que pode implementar em sua casa:

– Em vez de deitar fora os talos dos legumes, aproveite-os para colocar na sopa;

– Não deite fora a água em que coze os legumes – guarde para futuras confeções, como para fazer sopa ou servir de caldos para risotos, por exemplo. Se não fizer logo essa receita, pode congelar;

– Quando tiver fruta madura, pode cozer, assar, fazer gelados (basta congelar a fruta, sendo que obtém melhores resultados com banana, pêssego e manga) e/ou compotas;

– Não deite fora a água em que coze a fruta – pode utilizar para fazer papas (em vez de usar leite ou bebida vegetal) ou em bolos;

– As cascas das frutas podem ser utilizadas para aromatizar águas ou em determinadas confeções. Neste caso escolha frutas preferencialmente biológicas (a casca da banana fica bem em estufados e recheios de lasanha mas caso não seja biológica pode conter elevados níveis de pesticidas);

– Quando já estiver saturado/a de um prato, em vez de deitar fora, faça uma das seguintes sugestões: congele; utilize na sopa; ou transforme noutro prato apelativo. Ex: imaginando um prato de peixe ou carne com legumes, pode triturar, transformar em puré e usar em recheios de quiches, empadões ou lasanhas, ou simplesmente gratinar no forno;

– Antes de ir às compras, verifique o que tem em casa. Depois faça uma lista de acordo com as necessidades e caso precise de comprar alimentos que se degradam mais facilmente, assegure-se de que os vai conseguir consumir na data prevista;

– Conserve corretamente os alimentos e guarde-os de forma a consumir primeiro os mais antigos e por último os mais recentes;

– Saiba a diferença entre “consumir até…”, “consumir de preferência antes de…” e “consumir de preferência antes do fim de…”. No primeiro caso, o consumo após a data indicada pode não ser seguro do ponto de vista microbiológico (habitualmente está associado a alimentos perecíveis como iogurtes, leites do dia, queijo fresco, etc). Nos dois outros casos, os alimentos podem ser consumidos após a data indicada, desde que as regras de conservação sejam respeitadas;

– Caso utilize redes sociais, siga contas relacionadas com alimentação e receitas e/ou assista a programas de culinária. Desta forma conseguirá mais ideias e inspiração.

Que medida pode implementar já hoje para combater o desperdício alimentar?

Informação complementar e útil:

Ebook: “Livro de receitas com sobras e desperdício de alimentos reutilizáveis”, (APN, 2013)

Ebook: “Alimentar o futuro: uma reflexão sobre sustentabilidade alimentar”, (APN, 2017)

Iniciativas existentes em Portugal contra o desperdício alimentar: http://www.cncda.gov.pt/index.php?option=com_content&id=433&lang=pt&layout=edit&view=article

Este artigo faz parte da (E)Revista de outubro de 2019, que conta, também, com artigos na área da psicologia. Pode descarregar, gratuitamente, aqui.

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