O que ganhamos em ter uma missão

Por vezes “propósito” e “missão” são dois conceitos que podem ser confundidos. Embora distintos, estão inegavelmente relacionados. Propósito é aquilo que somos guiados a fazer, o que verdadeiramente nos ilumina, o que pretendemos alcançar ou realizar. Por outro lado, a missão é mais prática e implica uma ação.

A palavra missão é largamente difundida, provavelmente até mais vezes do que reparamos. É comum estar presente em sites de empresas, por exemplo, ajudando os clientes a entenderem melhor os objetivos e valores da entidade em questão.

A nível individual não é muito diferente. Tudo começa quando nos questionamos sobre o que realmente nos dá prazer fazer, ao ponto de perder a noção das horas. A etapa seguinte é perceber de que forma é que isso pode ser posto em prática. A nossa missão é a ação que tomamos como resultado do que entendemos ser o nosso propósito. Habitualmente será fruto dos nossos talentos, daquilo que, na prática, podemos fazer com eles, de forma a alcançar o que queremos na nossa vida para que nos sintamos plenos e realizados.

De facto, o verdadeiro sucesso apenas surge quando descobrimos a nossa missão, quando deixamos de corresponder às expectativas dos outros e agimos de acordo com o que faz sentido para nós mesmos. Não há como negar a energia sentida quando as nossas ações estão de acordo com a nossa essência e com o que verdadeiramente nos inspira.

O que se ganha em ter uma missão? Para além de fazer com que vivamos de acordo com os nossos valores e as nossas paixões, dando uso aos talentos que temos, mais facilmente encontramos um foco, definimos prioridades, selecionamos com quem nos queremos relacionar e até, eventualmente, encontramos um emprego (ou criamos um) com o qual nos identificamos.

A nível profissional, quanto mais consciência tivermos da nossa missão, mais nos especializaremos, adquirindo mais conhecimento. Tomando como exemplo a área da nutrição, um nutricionista pode ter como missão ajudar pessoas com excesso de peso ou obesidade a emagrecerem. Assim como haverá quem tenha como missão desenvolver produtos alimentares que melhorem a qualidade de vida de determinadas pessoas, ou elaborar ementas a nível escolar a fim de melhorar os hábitos alimentares de crianças e adolescentes. Há uma imensidão de especializações dentro de uma área. Quanto mais canalizado for o nosso serviço, mais iremos atrair o público-alvo pretendido. Apesar de inevitavelmente restringirmos o público com quem iremos trabalhar, estaremos a atrair as pessoas certas, tendo em conta as nossas aptidões e conhecimento. Adicionalmente, todo o dinheiro que possamos ganhar deixa de ter apenas um carácter material e ser um fim em si mesmo, passando a ser visto como parte do processo, a par da nossa realização pessoal.

Assim, ao termos consciência da nossa missão e ao partilhá-la com os outros, mais facilmente atraímos pessoas com os mesmos ideais e/ou que acreditam poder beneficiar do que temos para oferecer. De facto é também o que se passa com empresas. Será pouco provável dirigirmo-nos a uma loja cujos valores praticados não se coadunem com os nossos ou a oferta não corresponda à nossa procura.

Por sermos únicos, naturalmente teremos missões diferentes, todas úteis e inspiradoras, à sua maneira. É também assim que o mundo pode avançar, com o impacto deixado por cada um de nós.

Este artigo faz parte da edição de setembro de 2019 da Revista Progredir. Pode aceder aqui.

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